Ponto de Economia Solidária e Cultura do Butantã

O Ponto de Economia Solidária, Comércio Justo, Cooperativismo Social e Cultura do Butantã é um equipamento do Sistema Único de Saúde – SUS que compõe a Rede de Atenção Psicossocial da região oeste da cidade de São Paulo.

Sua fundação tem como berço a Reforma Psiquiátrica e o Movimento de Luta Antimanicomial cuja  diretriz é o tratamento em liberdade e o direito a plena cidadania.

É nessa perspectiva que trabalhadores e usuários de saúde mental tem desenvolvido há décadas diferentes dispositivos de reabilitação e inclusão social e lutado por sua incorporação nas políticas públicas.

E é pelo protagonismo dos usuários de saúde mental que, em 2016, nasce o Ponto Butantã com a missão de promover oportunidades de trabalho e renda para pessoas em situação de vulnerabilidade tendo como norte os princípios da Economia Solidária:

Autogestão, Cooperacao, Desenvolvimento Sustentável, Centralidade dos trabalhadores.

Grupos voltados para geração de trabalho e renda existentes nos diversos serviços de saúde mental da região oeste, reunidos na Rede Oeste de Saúde Mental e Economia Solidária, discutiam a necessidade de ampliar suas atividades, cuja produção e comercialização eram limitadas pelo compartilhamento de espaços com outras atividades terapêuticas, pelo pouco acesso a espaços de comercialização, além de não se configurarem como trabalho e renda de fato. Era necessário desvincular trabalho e tratamento.

O apoio da subprefeitura do Butantã com a oferta e reforma do imóvel que hoje é sede do Ponto Butantã, o suporte da Coordenadoria de Saúde Oeste e, especialmente, a organização e persistência dos usuários e trabalhadores de saúde mental tornaram esse sonho possível.

Alguns empreendimentos do Ponto tem sua origem naqueles pequenos grupos existentes nos Caps Butantã e Caps Lapa, como a Livraria Louca Sabedoria e o Coletivo Ybyata, em grupos autonomos como o Bar Saci, que inspirou a Comedoria Quiririm, ou se formaram já na casa como Orgânicos no Ponto, com colaboração do Coletivo ComerAtivaMente, Horta Quintal do Teiú, que contou com apoio do Programa Operação Trabalho, e Loja Pé A Biru, gestada junto a Rede de Artesanato na Incubadora Pública Municipal de Cooperativas.

Nesse percurso de quase duas décadas, encontramos muitas histórias de luta que nos servem de fundamentos como da Casa do Saci, experimento autogestionario que sobreviveu por um ano em Perdizes, da criação da Associação Vida em Ação, em meio ao evento Luzcidade, do Bar Bibitanta sediado no Caps Itaim, da aproximação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP com o campo da saúde mental, e que ainda hoje é importante parceira do Ponto.

Por isso, costumamos dizer que o Ponto de Economia Solidária do Butantã é uma Política Pública que nasceu de baixo para cima, fundada na Luta Antimanicomial e orientada pelos princípios da Economia Solidária, mas sobretudo protagonizada pelos seus  (hoje) trabalhadores.

Maria Cristina Tissi
Responsável técnica pelo Ponto de Economia Solidária e Cultura do Butantã

Esquema dos parceiros e projetos do Ponto construído em reuniões com as técnicas e trabalhadoras do equipamento:

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