Oficina sobre memórias
lugares, lutos e lutas
A oficina “Lugares Lutos e Lutas” ocorreu no dia 21 de setembro de 2019 e teve como objetivo estimular a troca de experiências relacionadas à promoção de direitos humanos no território. Ela ocorreu como parte da programação do evento Territórios da Memória, planejado pelo Instituto Herzog em parceria com o Ponto de Economia Solidária. O projeto desenvolvido pelo Instituto Herzog teve como objetivo realizar uma “série de encontros para articular trocas de experiências, escuta de memórias invisibilizadas e ações artístico-culturais de territórios periféricos” (fonte: site do Instituto Herzog), e o Ponto de Economia Solidária foi convidado para ser um dos parceiros da proposta e receber um dos encontros. Como as duas propostas apresentavam muitas afinidades, o Ponto sugeriu que as ações fossem integradas e surgiu então a ideia de realizarmos a oficina Lutos e Lutas como parte da programação do encontro planejado pelo Instituto Herzog.

A oficina buscou estimular uma discussão sobre as situações de desrespeito e de violação de direitos humanos no território e também sobre quais são os grupos e coletivos organizados para resistir e enfrentá-las. Dessa forma, propusemos aos participantes que se dividissem em pequenos grupos de cinco para se lembrar e anotar em cartões as situações vividas no território que envolviam algum tipo de perda, luto ou desrespeito. As lembranças foram anotadas e depois um representante de cada grupo ficou responsável por apresentar as discussões ao grupo maior e para levar os cartões até o mapa fixado na parede. Com a ajuda da nossa equipe, os cartões eram fixados ao lado do mapa e barbantes ligavam os cartões até os pontos onde as situações tinham sido experimentadas ou identificadas. Depois dessa etapa, pedimos que os mesmos grupos lembrassem quais são as lutas e as conquistas presentes no território. Novamente as discussões de cada grupo foram apresentadas ao grupo maior e os cartões dispostos ao redor do mapa.
Pudemos perceber que os principais problemas levantados podiam ser organizados em três grandes grupos: o desrespeito a direitos sociais básicos nos bairros mais pobres e periféricos (como falta de moradia digna, saúde e equipamentos de cultura), o problema de uma dinâmica urbana que desconsidera a preservação dos pontos de referência e de enraizamento no território, e por fim as situações de violência de estado, envolvendo principalmente a atuação da polícia em alguns bairros. As lutas lembradas no território representam respostas coletivas à essas situações de desrespeito: são lutas organizadas em torno de garantias de direitos sociais e enfrentamento de situações de vulnerabilidade, lutas para preservação dos espaços de convivência, da memória e da cultura local, e lutas para denunciar as formas atuais da violência de estado.
A atividade contou com aproximadamente 50 participantes e foi possível observar um grande interesse do público em participar da dinâmica e do debate proposto. Os mapas despertaram grande interesse e se mostraram como importantes recursos para organizar a discussão e apoiar a troca de experiências. A visibilidade dos locais onde as situações foram vividas e dos espaços de atuação dos movimentos e coletivos parece conferir um sentido concreto para as reflexões e permitiu o desenvolvimento de análises sobre os problemas do território. Nossa impressão após a realização da oficina é a de que o trabalho com as lembranças e a interação com os mapas estimula o diálogo entre experiências de luta e resistência e apoia reflexões sobre a dinâmica psicossocial do território. Houve uma avaliação positiva dos participantes em relação à possibilidade que oficina ofertou de permitir a troca de experiências relacionadas à promoção de direitos humanos e de conhecer com mais profundidade o território em que atuam.